Tantas características, qual a certa?

É interessante pensar nisso e eu custei a perceber que já tinha adquirido uma quantidade grande de livros, artigos e resumos sobre liderança. Só me dei conta em uma arrumação nos armários do escritório da minha casa. A quantidade de material que eu possuía e que era bem superior ao que eu imaginava ter.

Como sempre acontece comigo, a sensação de não ter lido quase nada a respeito frequentemente me assalta. Folheio o material acumulado e as recordações começam a povoar minha mente: as aulas de administração na primeira pós graduação, o curso de gerentes da primeira empresa multinacional que trabalhei e que achei ótimo e guardei todo o material. Depois o primeiro curso on line com a conclusão presencial fora do país, materiais de workshops, onde em cada um o professor mostrava um pedaço de algum livro que eu achava bastante esclarecedor. Anotações, apostilas, cadernos.

Começo a folhear os livros, resolvo dar uma espiadinha no computador e percebo a quantidade de e-books e artigos do tema.

Afinal, qual a razão para se escrever tanto sobre isso?

Será que todos querem ser líderes e por isso há essa procura toda?

E aí, ainda não se descobriu o modelo ideal?

Estamos complicando o aprendizado?

Qual foi o material onde eu mais aprendi sobre Liderança?

Nenhuma dessas respostas é simples mas vamos tentar discutir um pouco disso nesse pequeno artigo.

Primeiro: é fácil perceber que muitos almejam a liderança nos locais onde estão inseridos. Quando sou convidada a dividir a minha trajetória profissional em aulas de curso de extensão ou na graduação, é notório que a maioria está ali por almejar um posto de liderança.

Ganhar mais, conseguir influenciar processos, fazer as coisas acontecerem, ter prestígio são respostas bem comuns quando interajo com os participantes.

Ouvindo as respostas, faz sentido afirmar que muito se escreve sobre isso, pois há mercado para consumir esse tipo de material. Olhando para os grupos nos quais participei, sendo liderada ou liderando, noto que os contextos eram bem distintos e que não havia um modelo que servisse a todos os grupos.

Grupos mais estruturados absorvem modelos mais complexos, projetos curtos ou longos, objetivos mais amplos ou bem específicos, demandam diferentes perfis de líderes.

Então, estamos mesmo complicando o aprendizado? Afinal, os seres humanos são todos iguais ou são diferentes?

Eu tomaria a liberdade de dizer que somos todos feitos da mesma matéria e portanto bem iguais, mas nos comportamos e reagimos de formas bem distintas. Nossa história, contexto, experiência anterior, cultura, influenciam significativamente a nossa maneira de responder aos líderes e de nos comportar com nossos liderados.

Então, voltando ao básico: Você consegue definir com clareza o que é um líder no seu contexto? Consegue resumir isso em uma frase – direto ao ponto?

Tendo isso em mente, você provavelmente definiu o líder com as características que você considera essenciais. Como você pontuaria sua performance nessas características?

Quero convidá-lo a fazer diferente.

Pegue uma folha de papel, anote num bloco de notas do seu smartphone. Escreva 5 características que você acredita que você tem e que são positivas, contribuindo para o perfil de líder que você quer ser ou precisa ser nesse momento. Lembre-se de projetos e características essenciais que você considerou distintas. Isso feito, anote as 5 características que você considera essenciais, mas não acha que estão desenvolvidas em você. Conseguiu?

Agora escolha 3 delas que você não abre mão e escreva em cada coluna, como se na sua “mochila mental” só coubesse pouca coisa. OK? Tudo bem?

Agora escolha uma pessoa sincera e que te conheça bem, converse com ela sobre isso e veja se as suas escolhas condizem com uma visão externa. Caso você conheça mais alguém, pergunte novamente!

Um alerta: caso você nunca tenha feito isso, poderá doer um pouco. Mas, siga em frente!!! Em um outro artigo podemos conversar sobre como lidar com essa dor ou … sobre o que está acontecendo se você nem se incomodou com isso.

Agora, foque a sua leitura e comentários nas 3 características que você tem desenvolvido. Faça um plano estruturado para desenvolve-las. Faça um plano, também, para desenvolver as que você não está tão bem, mas, não gaste todo seu tempo, energia e outros recursos apenas olhando para o que você não tem ou não é tão bom.

Todos nós temos características específicas e habilidades que temos que trabalhar. Podemos torna-las mais fortes e nos preparar melhor. Não pare no meio do caminho, olhando só para o que te falta.

Siga firme olhando exemplos, ouvindo histórias, lendo e aprendendo, também, sobre o que você já faz bem!